21 março 2014

Segredos desvendados

(Texto de Ana Isabel Freitas)

Para os antigos Judeus, pronunciar o nome de Deus era tão sagrado que o som dos Seus nomes era secreto e a sua vocalização era uma possibilidade limitada aos altos sacerdotes.
Na Índia, os mantras eram ensinados na tradição oral, de mestre a discípulo e muitas vezes em segredo, apenas para uso do próprio.
Inicialmente, um dos mantras mais sagrados, “Om Namo Narayanaya”, foi ensinado em segredo de mestre a discípulo, pois pronunciar o nome do Divino trazia a Libertação, até que um discípulo muito compassivo ensinou-o a todos, para que todos pudessem salvar-se, libertar-se da ignorância e da prisão da mente e dos sentidos. Ao fazê-lo, demonstrando tamanha compaixão e bondade, o seu Mestre reconheceu-o como Mestre e tornou-se seu discípulo.
Hoje em dia, vemos como muitos conhecimentos secretos, tal como as técnicas de Kriya Yoga, estão acessíveis a todos os que se interessem.
É um sinal dos tempos… Se o Divino permite que os caminhos que levam a Ele se descubram, que as “brumas de Avalon” se levantem e todos possam aproximar-se do Sagrado, então, não existe mais desculpa para os seres humanos adiarem o seu crescimento.
A disponibilização da informação tem um preço, a responsabilidade da escolha de usá-la ou desprezá-la. Desprezar o Sagrado, não pode ter um resultado positivo.
Digamos que, a Humanidade está a receber dispensações especiais para progredir rapidamente na elevação do nível de consciência, logo, aqueles que estão encarnados hoje têm uma responsabilidade maior quando descuram o caminho espiritual.

O trigo está a ser separado do joio, o fosso entre os seres humanos que avançam e os que regridem é cada vez maior. Quando o grão e a palha estiverem bem separados, a remoção da palha será feita e apenas ficará o grão. O destino da palha é arder ou apodrecer. Apenas o grão poderá germinar em Nova Vida.

14 março 2014

Porquê orar?

(Texto escrito por Ana Isabel Freitas com a inspiração de Mahavatar Babaji a 11.03.2014)

Quando pensamos e desejamos orar, é um sinal positivo de discernimento.
Aquele que quer orar compreende que tem desafios difíceis os quais não pode superar sozinho. Compreende que a ajuda dos seus irmãos, ainda que útil, por vezes não é suficiente e que tem de contar também com a ajuda de “algo que o transcende”.
Orar traduz a fé na existência de algo que nos transcende, que é superior e poderoso e tem influência sobre o decurso da nossa vida. Assim, aquele que ora trabalha a capacidade de acreditar sem ver, de partilhar os problemas e as dores e de ligar-se ao Divino.
Aquele que ora sai do seu isolamento para pedir ajuda. Reconhece a necessidade de ajuda e pede-a. Este é um exercício de humildade e de persistência, não desistir.
Aquele que ora quer resolver as suas questões pendentes. Pode até nem saber como, mas está decidido a andar para a frente, procurando ativamente solucionar os problemas.
Aquele que ora pára e reflecte. Para orar, é necessário parar com todas as outras actividades e dedicar algum tempo a concentrar-se na oração. É necessário ser capaz de sair da rotina, aprender a parar e a aquietar-se e estimular em si mesmo a concentração.
A oração é uma excelente iniciação à meditação!
A pessoa que foge à oração, que não se sente inclinada a orar, dificilmente vai meditar.
Aquela que ora, pode não orar da forma mais tradicional, mas busca a ligação com o Divino e a Sua reconfortante presença.
Sem a busca do Divino e a vontade de união com o Todo, a meditação não tem propósito, pois essa união é, em si mesma, o propósito daquele que medita.
A meditação tem determinados pré-requisitos (condições a assegurar previamente):
·         Vontade e predisposição para ligar-se ao Divino (orar é uma forma de fazê-lo);
·         Remover os bloqueios do corpo, da mente, da alma.
Consequentemente, quando a pessoa começa a purificar o corpo e a mente, fica predisposta a interessar-se pela oração.
Ao remover os bloqueios do corpo e da mente, ao reduzir a tensão, os processos intuitivos tornam-se mais forte e claros, a sensibilidade às realidades subtis aumenta e, assim, o sistema corpo/mente estando mais estável, fica capaz da aventura que é “parar”: relaxar mantendo-se consciente e sentir o silêncio interior. É neste belo silêncio que a verdadeira oração acontece, a comunhão com o Divino que está sempre presente em todos os seres.
Acreditamos que há “algo superior” porque sentimos. Essa ideia vem da nossa própria experiência quando paramos, relaxamos e refletimos.
Por isso mesmo, aqueles que não têm fé precisam ainda mais de parar, relaxar e reflectir. A fé será uma consequência natural. Ninguém precisa forçar a fé, é assim que ela acontece… com naturalidade, um movimento espontâneo do Ser humano quando no seu estado natural.
A oração reflete uma atitude e é um comportamento natural daquele que está “no caminho”. Digamos que é uma marca do peregrino, do caminhante para Deus.
E, ao longo do caminho, o caminhante irá aprender a orar de formas diferentes, pois a forma como conversa, pede orientação e protecção ao Divino, vai evoluindo.
Reflita sobre aquilo que leu! É o nosso convite. E, se compreendeu que tinha algum preconceito sobre a oração, tem agora a oportunidade de libertar-se dele e de ganhar uma fantástica ferramenta para o seu desenvolvimento como ser humano: a oração.


Nota: Em breve, publicaremos no blog algumas orações!

03 março 2014

O mundo a teus pés...

(Texto escrito por Ana Isabel Freitas a 03.03.2014)

Quando sentires que estás no caminho certo, por assim dizer, nos teus carris, caminha determinado e sem expetativas. Deve bastar-te saberes que estás no caminho certo. Se assim é, que podes temer? Se nada tens a temer, porque precisas criar expectativas?
Deixa-te surpreender pela Vida! Deixa que o caminho se revele a ti porque te atreves a fazê-lo. A cada curva, a cada lomba, a cada variação no caminho, uma surpresa. Deixa-te deslumbrar pela Vida que é sempre generosa para aqueles que a ela se abrem, para os que não a temem e, antes, a vivem na plenitude da Sua energia e potencialidades.
A Vida é o presente do Eterno para ti, para todos os que sabem que são  n´Ele. A tua felicidade, alegria, realização e bem-aventurança, estão em te abrires e não em possuíres, em fruíres e não em controlares. Não persigas a Vida que ela fugirá de ti. Não aprisiones o que por natureza é livre, sob pena de ficares tu prisioneiro de tudo o que consigas aprisionar.
Porque tentas roubar aquilo que o Divino generosamente te oferece? Seres o ladrão quando podes ser o fruidor… A única condição que o Divino te coloca, para pôr a Sua abundância à tua disposição, é não a aprisionares.
Podes questionar, e será apenas essa condição? E quanto ao uso que faça dessa abundância? O Divino creou-te livre, logo és livre de a usares como entenderes. No entanto, na medida em que todos são livres como tu, todos são responsáveis pelas consequências do uso que façam.
Tudo tem um preço, o preço da liberdade é a responsabilidade. É-te sempre permitida a liberdade de fruir, de fazer, e só tu mesmo te privas dessa liberdade, quando não és responsável, é essa a Lei do karma. A acção gera sempre consequência e o responsável pela acção é aquele que usufriu da consequência. Quando esta é dolorosa, diz-se que “sofre” a consequência. Por isso Jesus disse: “Conforme semeares, colherás.” E “Quem semeia ventos, colhe tempestades, diz o povo.
A Vida é simples e justa, sê simples e honesto e compreenderás. Cursos, discursos, livros, por vezes, não são mais que desculpas para não viveres. Neles te refugias, adiando a experiência, quando só com ela aprendes. Se queres compreender, observa, abre-te à experiência e reflecte.
Deus, que é Inteligência Pura, coloca o Livro da Vida nas tuas mãos. Tu rejeitas o Livro da Natureza e troca-lo por livros feitos por seres humanos. A vida da humanidade está repleta destes absurdos que vão sendo repetidos geração após geração, porque o ser humano, que se diz diferente e superior ao macaco, vive na imitação. Dotado de consciência e inteligência, vive ao nível do intelecto e da mente e, por vezes, nem aí… vive ao nível das pulsões mais básicas que o impelem a procurar o prazer no gozo e na satisfação dos sentidos.
Que mal têm os sentidos, o intelecto e a mente? Na verdade, não têm mal nenhum, são creação do Eterno como tudo o resto e, logo, são perfeitos. O mal está na limitação que o ser humano se auto-impõe, quando se priva de usar os instrumentos mais aperfeiçoados para usar apenas as ferramentas mais rudes. Imagina um cirurgião a usar uma pedra lascada, ou mesmo uma faca ou uma tesoura, em vez de um bisturi. É assim que vivem muitos seres humanos, na era da pedra lascada quando já existem bisturis! Naturalmente, o uso de instrumentos aperfeiçoados exige o aperfeiçoamento da técnica de quem os manuseia, pelo que para usufruíres da tua inteligência, tens de desenvolvê-la através da observação, da experiência e da reflexão.
O mundo está a teus pés! Sê um rei justo em vez do ladrão ou do mendigo.
Aquele que já está no caminho fala-te, porque te ama como irmão e te quer o bem que quer para si mesmo. Ouve-o, porque a autoridade vem da experiência reflectida.

A palavra certa e oportuna, salva.