25 janeiro 2014

Fábula da grande ave

Era uma vez uma quinta onde havia um bonito galinheiro, tinha uma rede novinha, era limpo diariamente e comida não faltava. O dono era esmerado, muito orgulhoso das suas aves, tratava-as com carinho até, elas eram suas e davam-lhe dúzias de ovos. As aves maiores punham ovos grandes e deliciosos.
Um dia, encontrou nos terrenos da quinta uma ave bebé, maior do que as suas, estava caída, inconsciente. O quinteiro olhou para ela e esfregou as mãos de contente imaginando o belo ovo que ela lhe poderia dar. Levantou-a com cuidado, tratou-a e colocou-a no seu galinheiro.
No dia seguinte, a nova ave despertou e começou a movimentar-se agitadamente no galinheiro, era um espectáculo horrível para o quinteiro: penas por todo o lado, comedouros entornados, galinhas assustadas, e como se não bastasse, nem um ovo!
Pelo fim da tarde, entrou convictamente no galinheiro e amarrou as asas da grande ave. Pensou amarrar as patas e o bico, mas temeu que se ela não se alimentasse nunca lhe desse o grande ovo.
Com o passar dos dias, a grande ave foi desistindo do seu estranho comportamento e, depois de muito tempo sem comer, imitou as outras e bicou o chão com dificuldade para juntar o milho.
Um belo dia, o quinteiro até pensou ver o grande ovo, mas fora engano seu. Foi-se esquecendo da grande ave e já nem dava pela sua presença.
Dias havia em que a grande ave parecia querer voltar a libertar-se, bicava desesperadamente a rede do galinheiro e parecia gostar de assustar as outras que se punham a um canto. Então, a grande ave saboreava uma passeata solitária pelo galinheiro como se fosse um domínio só seu. Mas tudo isto fazia sem o quinteiro ver, para não prendê-la ainda mais.
E assim corria a vida, até que um pequeno rato entrou no galinheiro e comeu uns grãos. Grande alvoroço se gerou no galinheiro, o maior galo quis valer as suas galinhas e ia matando o pequeno rato se a grande ave não lhe barrasse o caminho. Levou umas bicadas furiosas, mas salvou o pequeno rato da morte quase certa. Enquanto o ratinho saia da gaiola, a grande ave observava-o com alegria, pois o ratinho podia andar lá fora e, vendo-o livre, sentia-se ela própria um pouco mais livre, pelo menos podia sonhar com a liberdade.
O quinteiro não lhe dava atenção, tratava-a com cordialidade porque não era um homem mau. Mas ela nunca punha ovos… Nem se podia libertá-la, pois pensava – o quinteiro - que ela não iria sobreviver e, na ideia dele, era melhor a segurança e o conforto do galinheiro do que o risco de morrer.
A grande ave sabia que o quinteiro era um homem bom, mas por vezes pensava em atacá-lo para poder fugir, porque se lhe pedisse ele não a deixava ir. Então tecia grandes planos de ataque e fuga, mas o remorso corroía-lhe a alma e ao vê-lo aproximar-se, baixava a cabeça e recolhia-se a um canto, de costas para ele, para que não percebesse o que lhe ia na alma.
De bom quinteiro para boa grande ave domesticada e de boa grande ave domesticada para bom quinteiro, era assim que os dias iam passando.
Mas, um belo dia, o pequeno rato voltou ao galinheiro, não pensava entrar, pois lembrava-se do perigo que correra, e a comida nem valia o risco! Mas a grande ave lá estava, que estranho! Já havia visto grandes aves daquelas, mas não num galinheiro, voavam muito depressa e até podiam ser perigosas para ratos fora da toca! Mas esta até o tinha ajudado, provavelmente bem mais do que podia pensar! O pequeno rato continuou por perto, estudando a grande ave, até que viu a corda que lhe prendia as asas… Lembrou-se das ratoeiras que vira na casa do quinteiro, e compreendeu o olhar triste da grande ave.
O pequeno rato lembrou-se das lições do Avô Rato, “Por vezes, é uma desvantagem ser pequenino, por vezes é uma vantagem ser pequenino, mas nunca és pequeno demais para realizares aquilo em que acreditas. Atreve-te!”
Assim foi que, de noite, quando todas as aves dormiam menos a grande ave que nunca conseguia ajeitar-se naquele lugar que não era o seu, o pequeno rato entrou no galinheiro. Queria roer as cordas, mas não conseguia ir para trás da ave que rodopiava em torno de si para observar o seu pequeno amigo! Então, o pequeno rato fez-lhe companhia até que ela adormecesse e, depois, pôs-se a roer toda a noite até que as cordas se soltaram. Feliz com o seu sucesso e orgulhoso do seu engenho saiu do galinheiro e ficou de atalaia. Bocejava ensonado, quando raiou o dia, daí a pouco lá estava o quinteiro a levar comida e água fresca ao galinheiro. A grande ave acabava de acordar e parecia sentir-se estranha, sacudia-se, agitava-se. O pequeno rato decidiu aproximar-se e depois do quinteiro entrar, começou a passear e a rebolar na relva à frente da grande ave, sugerindo-lhe a fuga, não fosse ela perder a oportunidade! Quando o viu, a grande ave bateu as asas de satisfação e, aí, compreendeu porque se sentia diferente e estranha desde que acordara. Num ápice, percebeu o perigo e discretamente fechou as asas.
Então, o pequeno rato chamou a atenção do quinteiro espalhando o saco do grão. Enquanto este perseguia o pequeno rato com a grande vassoura, a grande ave esvoaçou para fora do galinheiro. Com medo que as galinhas a seguissem, o quinteiro abandonou a perseguição ao pequeno rato que seguiu a ave na sua corrida desajeitada, numa confusão de patas e de asas que não pareciam conhecer a respectiva função.
A grande ave sentia enorme aflição, não sabia como mover-se, não sabia para onde devia ir! Quando cansada se acalmou um pouco viu o pequeno rato ofegante correndo ao seu lado. De imediato parou, queria agradecer-lhe, agora lembrava-se de que ele lhe fizera companhia à noite, que o seu sono fora profundo e leve, que ao acordar tinha as asas soltas e que quando o quinteiro abrira a porta tinha podido fugir. E o pequeno rato era o ser mais pequeno que conhecia!
O quinteiro não tinha vindo atrás de si! Claro, nunca lhe dera o belo ovo! Só continuava a tratá-la, porque não sabia o que fazer com ela. Entretanto, o pequeno rato pôs-se a andar à sua frente, distraidamente, sem saber o que mais fazer, a grande ave seguiu-o.
Primeiro, o pequeno rato levou-a a um campo de milho, onde ambos comeram, depois, continuaram a jornada, ele andando, ela esvoaçando, rumo às grandes montanhas.
Passados uns dias, estavam bem perto da montanha mais alta. O pequeno rato olhou para o céu e esperou. A grande ave observava-o. Subitamente, o pequeno rato agitou-se, olhou de novo para o céu onde uma grande ave voava em grandes círculos. De repente o pequeno rato pareceu enlouquecer e desatou aos pinotes e a correr velozmente. A grande ave do céu parou no seu voo com as enormes asas abertas, rapidamente fechou as asas e começou a cair em direcção ao pequeno rato! Grandes garras agarraram o frágil corpo do pequeno rato e a grande ave da terra viu o seu pequeno amigo desaparecer rumo aos céus. Em fúria agitou as asas, esticou o pescoço querendo alcançar a outra grande ave, correu um pouco e, subitamente, como se a força do seu querer lhe desse asas, elevou-se no ar e contendo a emoção bateu as asas como se sempre as tivesse usado assim!
Perseguiu a grande ave do céu até ao ninho para onde levara o pequeno rato, descobriu-o quase sem vida… Mas os pequenos olhos ainda brilhavam e, se ele não fosse um pequeno rato e ela uma grande ave da terra que era afinal do céu, pensaria que havia lágrimas de felicidade prontas a correr. Como se a linguagem dos pequenos ratos fosse a mesma das grandes aves do céu, ouviu-o agradecer-lhe por tê-lo inspirado e, assim, dado a oportunidade de tornar grande e gloriosa a vida de um pequeno rato da terra que agora, através dela, poderia explorar a grandeza ilimitada dos céus, porque oferecendo-lhe a sua vida por amor e generosidade, ganhara ele próprio as asas que nunca tivera.

(Uma fábula para a tua criança interior e para ensinares algo mais sobre a vida às crianças com quem convives)

Texto de Ana Isabel Teixeira de Freitas

22 janeiro 2014

Orientações de Mahavatar Babaji para 2014

(mensagem recebida a 26.12.2013 por Ana Isabel Freitas)

A Energia deve ser orientada nos seguintes sentidos: focar; concentrar; equilibrar; interiorizar.
No ano 2014, as coisas vão “balançar”, haverá fortes abanões em sectores/aspetos localizados e onde quer que haja resistência ao fluxo.
Simultaneamente, processos luminosos vão eclodir e florescer em paz.
Estes dois tipos de processos acontecerão simultaneamente dentro das pessoas. Haverá fortes contrastes entre partes da vida que desabam e partes que nascem ou renascem com vigor.
Para aqueles que já estão “nos carris” e não se distraem, haverá muita paz e alegria, mesmo no meio da tormenta. Sentir compaixão pelos que sofrem e gratidão pelas bênçãos recebidas é importante.
NÃO correr atrás dos que estão desorientados! Senão, ao tentarem, podem ser apanhados na rua, pela tormenta que ceifa todos os que não se protegem.
Terminou o tempo das experiências e do experimentalismo, ou ÉS ou NÃO ÉS, não há “nim”, “nim” é varrido, banido. Não há mais desculpas que peguem nem justificações para adiar.
É tempo de muita seriedade, de compromisso e de união para permanecer forte.
……
No mundo, tendência para sismos, por vezes muito fortes.
Do céu também vêm ameaças de tempestades elétrico magnéticas, de ventos fortes e descontrolados, de períodos de frio intenso.
Na agricultura, muitas dificuldades por causa das intempéries, pragas e redução das colheitas, se não houver um esforço concertado e uma aplicação permanente.
Orem pelas culturas e pela produção de alimento. Façam rituais de fertilidade.
Nas finanças, turbulência, instabilidade e medo, desagregação dos sistemas antigos, falta de credibilidade.
Na política, muitas convulsões, mudanças de regime, de partidos no poder. Surgem movimentos independentes a enfrentar o sistema que não se deixa ruir. Precisam de muita inteligência, sensibilidade e determinação. Precisam de forte ligação ao povo e apoio popular.
O povo tem de saber unir-se, associar-se. Não é pelo sindicalismo nem pelas greves, mas promovendo diálogo e concertação social, sem ódios e sem recriminações.
Na educação, os pais têm de velar pela qualidade do ensino dos seus filhos, pois os professores tendem a ser muito bons ou muito maus. Denunciar os últimos para que sejam retirados, forçar o sistema a expurgar os “tumores”.
É necessário refletir sobre a educação, definir novos valores e novos curricula.
Na família, deve haver aceitação e respeito pela diferença (o que está para além da tolerância), solidariedade, autenticidade de cada membro, comunicação franca e oportuna. Fim absoluto das farsas e manipulações. Os manipuladores sofrerão. Os “sacrificados” gritarão a revolta e libertar-se-ão dos fardos.
Novas “famílias” se formarão dentro do ideal comunitário. Famílias de pessoas em harmonia, com afinidades. A família biológica perde a centralidade obrigatória.
Na economia, novas atividades, novos serviços, redução de comércio, quer de bens em que há demasiada oferta, quer de bens sem qualidade (fecharão muitas lojas chinesas). Retorno de artigos antigos tradicionais e de prestígio. Novas opções das grandes unidades (hipermercados, grandes superfícies) impulsionarão a tendência para acabar com a má qualidade e para distribuir bens tradicionais.
Nos transportes, redução do consumo de combustível e de carreiras de transportes públicos, menos tráfego de pessoas. Carros elétricos e todo o tipo de meio de transporte mais económico.
Na saúde, muitas doenças degenerativas, muitos processos de doença galopante e mortal. Doenças com muito sofrimento físico e psicológico. Tudo sempre fruto das resistências, da não aceitação e da negação do crescimento pessoal, desinteresse e baixo nível de consciência.
Nas relações íntimas, haverá maior exigência na escolha, ou seja, torna-se mais moroso encontrar a pessoa “certa”. A relação tem de ser bem trabalhada desde o início da aproximação e as 2 pessoas têm de preparar-se para ela. Os namoros longos retornam, agora mais profundos e vivenciais, mantendo-se o respeito pela liberdade e construindo-se um projeto comum.
Na comunidade, para muitos a descoberta desta dimensão da vida. Para outros é o fortalecimento de laços. Isto facilita a desagregação da família biológica sem laços de afeto verdadeiros e positivos.
Nos nascimentos, alguma tendência para o crescimento e a percentagem de pais mais conscientes aumenta. Virão seres sensíveis e pacíficos, determinados no caminho da verdade e da paz. Crianças luminosas e verdadeiros guias.
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Nota: A mensagem do Mestre é sintética e profunda, para a compreender de forma mais completa é necessário refletir e meditar. Compreenda os padrões de base que regem as mudanças por que passamos e procure alinhar o seu projeto pessoal com esses padrões.



Alerta vermelho para a Madeira de 10.12.2013

(Mensagem de Mahavatar Babaji recebida a 09.12.2013 por Ana Isabel Freitas)
  
O arquipélago está sob a mira. É alvo de ações de limpeza essenciais para que a terra e as gentes possam progredir. Faz parte do plano de crescimento e não deve ser visto como castigo.
Com oração e trabalho espiritual, as ações de limpeza têm tido um efeito mitigado, ou seja, vão sendo atingidas zonas diferentes, em vez de muitas zonas ao mesmo tempo. A violência, pontualmente, pode ser grande, não é evitável.
Cada pessoa deve orar e fazer as suas práticas de purificação. Todos os crentes devem juntar-se em nome do Divino e orar e pedir por todos. As práticas coletivas são particularmente abençoadas e eficazes. Com muitos ou poucos trarão poderosa proteção. A diferença é para quem faz ou não faz. O número mais pequeno não afeta a qualidade do trabalho, no entanto, par aquele que não entra no trabalho, naturalmente não tem o mesmo benefício na proteção. A escolha é de cada ser humano… ser apenas humano e sujeito ao devir ou ser ativo e atuante nas situações, neste caso, atuando pela prevenção.
Segue o teu coração, não deixes de escutá-lo. É ele que te indica o caminho para a Luz Maior. Se ele te indica um templo, ora nele, se te indica um Mestre, segue as suas orientações, se ele te diz sai de casa e vai trabalhar, enquanto todos descansam ignorantes do perigo, pois sai e confia no teu abrigo superior.
Que o apego não te bloqueie os passos. É agindo que proteges e atrevendo-te que alcanças a tranquilidade e a segurança de pessoas e bens. Quando nada puderes fazer no exterior, abriga-te no interior e, a partir daí, trabalha. Trabalha, para que não seja tarde.
As ações de limpeza não são só responsabilidade para uns, mas para todos. O papel que cada um tem nas ações é que difere. Uns são abrigo de outros. Uns são levados. Uns são despojados. Uns fogem, pensando que escapam e reservam-se para males maiores. Aceita o teu papel, aceita a tua responsabilidade e, se te queres bem, nunca te revoltes contra Deus.
Muitos anjos, muitos seres de luz trabalham para aliviar o fardo destas ilhas, porém a maioria dos seus habitantes nem sabe do seu nobre trabalho. Esses que não sabem nem querem saber, serão levados pela tormenta ou pela doença, pela depressão ou pela alienação… deles não ficará memória, viveram como meros animais…
Filho que Me ouves, trabalha, sê obreiro da reconstrução, hoje e agora, levanta-te e com o teu exemplo inspira os demais. Não repares se te seguem e mantém-te um bom seguidor.
Por agora, disse.


NOTA: O Mestre é sempre muito direto e claro. Se não está familiarizado com as Suas mensagens, procure ler sem julgar, ouvindo a partir da pureza do seu coração. As mensagens são tão simples quanto profundas. Em vez de chocar-se, sinta a transparência da comunicação e lembre-se que um Mestre Ascenso não tem a emocionalidade babosa de um ser humano. O Mestre não é duro, é rigoroso e é Um com a Verdade.

A Mãe Divina fala sobre o equilíbrio das polaridades feminina e masculina

(Mensagem por inspiração recebida a 12.01.2014 por Ana Isabel Freitas)
  
Quando dedicamos algum do nosso tempo a sintonizar com a presença da Mãe Divina, não interessa o nome, se é a Senhora de Fátima, a Senhora das Graças ou Maha Lakshmi (Deusa da Abundância – Hinduísmo) ou Saraswati (Deusa da Sabedoria – Hinduísmo) ou Hathor (Mãe Divina na tradição do Antigo Egipto).
Na realidade, todas estas energias são a manifestação do divino mais ao nosso alcance. E podemos simplesmente dirigir-nos à Mãe Divina Universal.
Quando nos dirigimos às representantes do princípio divino, é ao próprio princípio divino que nos estamos a dirigir, tal como quando nos dirigimos ao embaixador de um país sabemos que nos estamos dirigindo ao próprio estado, não à pessoa do embaixador, mas àquilo que, na sua função, ele próprio representa.
É importante para todos, não só para as mulheres, sintonizarem com o princípio feminino. E nos tempos em que vivemos, neste preciso momento da vida da Terra e da Humanidade, ainda é mais importante, porque neste mundo relativo, neste mundo de polaridades, de dualidade, de separação, de contraste, de opostos, a energia do feminino está desfavorecida, está menos presente e isso representa um grande desequilíbrio para a Humanidade e para a Terra.
A Terra, em si mesma, encarna a potente energia do feminino. E para que haja equilíbrio neste mundo da manifestação, no mundo relativo em que existem sempre os opostos, é necessário trabalho para equilibrar os opostos.
Para que possamos ter vida na Terra e para que tudo corra bem, precisamos de ter noite e dia, nem a noite é mais importante, nem o dia é mais importante, ambos são necessários, cada qual tem a sua função.
Do mesmo modo, a energia masculina e a energia feminina são necessárias, cada qual tem a sua função, nenhuma tem primazia sobre a outra. É no jogo de vaivém entre os dois opostos que a vida acontece. Esse jogo é natural e é necessário. Sem esse vaivém não há vida na manifestação.
No mundo absoluto, o mundo da unidade, não existem estas cisões, masculino e feminino, noite e dia, bom e mau. Está tudo unificado, tudo permanece na unidade original. Então, cabe-nos a nós, que aqui estamos encarnados, compreender a necessidade de trabalharmos o equilíbrio. Somos como equilibristas no arame, Não há outra hipótese, o nosso trabalho é no arame. E por isso mesmo, temos de trabalhar constantemente o equilíbrio. E o equilibrista vai de uma ponta à outra do arame, se ele permanecer numa só ponta, jamais será equilibrista.
Na ponta do arame, existe um lugar onde fica parado. O seu trabalho, a sua vida é ir desse ponto extremo ao ponto extremo seguinte e retornar e ir e vir, porque sem esse vaivém não há vida, tudo cessa, tudo morre.
Consequentemente, não devemos ver como uma desgraça e uma calamidade essa inconstância, essa mudança, esse vaivém. Devemos assumir isso e aceitar isso por aquilo que é, o natural, a vida. Como pode existir um rio sem fluxo de água? A vida é um rio, é um fluxo. Tudo é cíclico, na vida tudo é cíclico, tudo oscila, tudo se transforma, tudo tem movimento.
Quando há ênfase numa determinada polaridade, surge um desequilíbrio. Podemos ver, por exemplo, o que acontece com as pessoas que vivem em países onde no Inverno praticamente não há dia e no Verão a noite se encurta bastante. Sabe-se que a taxa de suicídios aumenta no período escuro e na saída desse período, exatamente porque faz falta a luz solar, faz falta o período do dia. Isso torna a vida mais árdua nessas paragens, nessas condições. É necessário arranjar forma de compensar a falta de luz solar na vida das pessoas, para minorar o efeito da falta.
A vida é um livro aberto que constantemente podemos ler. Observando essas realidades que estão à nossa vista, meditando nelas, torna-se mais fácil compreender a extrema necessidade de equilibrar os opostos e de constantemente viajar de um para o outro, procurando não privilegiar nenhum.
A polarização no masculino, na energia positiva, ativa, traz-nos um perigo: o fechar do centro energético do coração (coração espiritual). O ser humano passa a viver mais na mente que tem uma energia mais masculina, a energia da lógica, da razão, do hemisfério esquerdo do cérebro. E porque representa isto um “perigo”?
É através do centro energético do coração que mantemos viva e atuante a expressão da nossa divindade, mesmo na matéria. Ao fecharmos o coração espiritual, perdemos essa conexão e passamos a viver mais na materialidade, na estrita racionalidade e na animalidade também, ou seja, passamos a viver de uma forma mais básica e logo negativa em termos de crescimento integral.
Nas civilizações antigas, era mais comum privilegiar-se o feminino. Eram sociedades matriarcais que se organizavam em torno do conceito de “mãe”, logo do princípio feminino.
Essas sociedades estavam ligadas à Natureza, à Terra, à Mãe terra e o que a vida lhes ensinava é que tudo vinha da Mãe e que a mãe era a fonte de vida. Por isso mesmo, era necessário acolher a mãe, enaltecer a mãe, agradecer à mãe. Esta atitude trazia naturalidade e equilíbrio às relações humanas.
Reflitamos… No mundo da manifestação primeiro vem a mãe, a mãe é a faceta visível do pai. O princípio criador manifesta-se e o mundo manifestado é produto dessa exteriorização, dessa expansão, da polarização. Por conseguinte, é através da Mãe que se chega ao Pai e é através do coração que eleva a consciência para nos re-ligarmos (re-ligião) ao divino.
O coração espiritual representa a recetividade, o Graal, a taça que acolhe, que recebe, o útero, a maternidade do feminino.
O coração espiritual é um lugar de interioridade e, para estar na energia do coração, é preciso ir para dentro. Como? Sossegando a mente, desligando do seu ruído, através da reflexão (pensar com visão e profundidade) e da meditação (escutar a voz interior, sentir profundo).
É necessário abrir o coração espiritual para fugir da prisão do mental.
Do que acima se disse, resulta que, ligar-se mais ao princípio feminino é muito menos perigoso do que ligar-se mais ao princípio masculino. No entanto, não significa que vamos ligar-nos ao princípio feminino e permanecer nele. Não, o nosso ideal, o nosso caminho é em direção ao androginato interno. O ser andrógino é aquele que “casou” as duas polaridades dentro de si, porque esse é aquele que se aproxima do divino que é Uno.
O princípio criador não tem polaridade, é uno é indiviso. Realizando o androginato interno o ser humano torna-se divino, retorna ao divino.
Falemos um pouco mais sobre o andorginato interno. Porquê interno?
Neste mundo da manifestação, o androginato poderá ser apenas interno. Externamente, manifestamo-nos num sexo, assumimos uma identidade sexual masculina ou feminina. No entanto, cabe a cada homem e a cada mulher, internamente, desenvolver os atributos e as qualidades do masculino e do feminino, em equilíbrio.
Dentro de cada ser humano, é importante que exista equilíbrio entre estas energias, entre estas polaridades. Nenhuma é mais importante que a outra. E dependendo do equilíbrio de forças ou desequilíbrio que exista dentro de cada um de nós, então, identificando-o, devemos aplicar-nos em fazer a compensação.
Analisemos o caso de um desequilíbrio à escala planetária: Um dos grandes problemas do mundo atual é que, em muitas mulheres, a energia do masculino é a que está mais ativa. Isto não tem a ver com a forma, o aspeto com que a mulher se apresenta. Ela pode apresentar-se de uma forma muito feminina e internamente a sua atitude ser essencialmente masculina cerebral, emissiva, racional.
Porque é que isto aconteceu? Esta deturpação aconteceu em virtude daqueles que foram encarnando como seres masculinos terem assumido a primazia e terem colocado a mulher num estado e numa condição de subserviência, primeiro, fazendo valer-se da força física superior. A mulher, em reação, procurou igualar-se ao homem, lutar com as mesmas armas e tornar-se masculina para poder vencer num mundo masculino. Porém, esse não foi o caminho correto para a mulher.
Vejamos o caso dos lutadores. Cada um luta melhor com a sua arma. Então, se a mulher tinha de ir à luta, porque havia uma condição de desigualdade imposta e era necessário de alguma forma usar a força, a mulher devia ter usado ainda mais o feminino. O feminino também tem força, é subtil e, no entanto, eficaz.
A compreensão de que existe este desequilíbrio é importante. É importante que as mulheres entendam que serão mais valorizadas, quanto mais elas forem a expressão daquilo que é a essência que escolheram representar nesta vida, a expressão do feminino. E é importante que os homens também compreendam que é tempo de se libertarem do karma (dos resultados de ações passadas) da subjugação e que é tempo de se libertarem da atitude que revela baixo nível de consciência, a atitude de subjugar e de desprezar a mulher, até porque estão a desprezar a sua própria origem. Nenhum homem pode nascer que não seja de uma mulher e desprezar a sua origem é desprezar-se a si mesmo.
Em geral, os homens têm muita resistência a todos os caminhos que levam a abrir o coração espiritual e, presentemente, muitas mulheres também apresentam esta tendência, pelas razões que anteriormente apontámos. É urgente que este engano se desfaça, que essas falsas crenças sejam expostas e que cada um assuma o compromisso interior de mudar.
É importante que olhemos para cada ser humano, em primeiro lugar, não como homem ou mulher mas como pessoa, como um ser humano e divino. Ser homem ou mulher vem em segundo lugar ou em terceiro lugar.
É importante não ser preconceituoso e respeitar o espaço de manifestação de cada um. Deixar que os homens desenvolvam o ser feminino e que as mulheres desenvolvam o ser masculino, sem complexos. O que corresponde ao exemplo clássico de não obrigar os meninos a brincarem com carros e as meninas com bonecas, deixá-los escolher livremente os seus brinquedos e as suas brincadeiras.
Quando vimos orar à mãe, vimos também enaltecer o feminino, o que ajuda a trazer este equilíbrio à Terra e a fazer este equilíbrio em cada ser humano. Afirmar a energia do feminino, trará mais equilíbrio na comunicação e na relação entre todos.
Os homens aprendem o feminino com o exemplo das mulheres, as mulheres aprendem o masculino com o exemplo dos homens. Esta é a forma básica, porque digamos que os homens são os embaixadores do masculino e as mulheres do feminino, por natureza. O que não significa que as mulheres não possam também aprender o masculino de outra mulher ou os homens aprender o feminino de outro homem, basta que essa mulher ou esse homem saiba manifestar adequadamente, expressar adequadamente ambas as energias, dando exemplo na realização do androginato interno.
No presente, e para facilitar todo o processo de mudanças em curso, é necessário pôr a ênfase na energia da deusa. O poder do feminino está a regressar para reequilibrar as forças, não para dominar.
Ainda no contexto da reposição do equilíbrio entre as polaridades feminina e masculina: quando a mulher tem a oportunidade de ser mãe de um rapaz, ela tem a oportunidade de ouro de contribuir, em larga medida, para a mudança de visão, de atitude e de comportamento dos homens na Terra, digamos que ela tem a chave para o sucesso desse empreendimento. Que todas as mulheres saibam educar os seus filhos rapazes no respeito da energia feminina. Que elas não cedam às tentações de competição, amesquinhado as outras mulheres para serem mais queridas do seu filho, que sejam leais para com as outras mulheres e pensem e desejem que o seu filho trate as outras mulheres como elas próprias gostam e querem ser tratadas.
E quando a mulher tem a oportunidade e a responsabilidade de educar outra mulher, deve saber passar corretamente a energia da deusa e, para isso, ela deve ser exemplo, ela tem de ter respeito pela sua condição de mulher, para que a sua filha não seja mais um espírito submisso, nem um espírito competitivo, lutando de forma errada. Para que, pelo contrário, seja uma digna representante da sua condição feminina e para que ela própria como futura mãe desempenhe bem o seu papel com os seus filhos.
Orar à Mãe é ter consciência de tudo isto. Orar à Mãe é ligar-se a esta energia forte, poderosa e tão necessária, é pedir que ela ocupe o seu devido lugar no coração de todos os seres humanos, é curar a mãe Terra, é curar a humanidade, é uma grande responsabilidade.
Orar à Mãe, não é uma coisa de mulheres, é um ato para seres humanos conscientes. Já era, o tempo em que podia fazer algum sentido pensar q havia coisas de mulheres e coisas de homens. Cultivar esse sentimento e essa atitude é estar nas profundezas do passado, nas trevas e na escuridão. É continuar a cultivar a cisão é não ter esperança num futuro melhor.
Quando um homem é capaz de desenvolver o feminino e de assumir o princípio feminino em si, ele é muito mais homem. Está na natureza das coisas que os opostos se façam sobressair. Se olharmos a roda das cores, a cor que salienta mais a outra cor é sempre a cor que está no seu oposto. Se falamos do azul, para salientar o azul pomos o laranja ao lado, se queremos salientar o vermelho colocamos o verde e se queremos salientar o amarelo colocamos o violeta.
É simples. É só olhar, observar e compreender como as coisas são. Do mesmo modo, a mulher que afirma em si o masculino, ela ainda é mais feminina e o masculino dá brilho e firmeza ao seu feminino.
O masculino sem o feminino é rígido e é quadrado, o masculino com o feminino é delicado e expressivo. O feminino sem o masculino é sem consistência, é sem forma, é sem espírito e o feminino com o masculino é brilhante, é expansivo, é firme.
Deixemos que se faça a compreensão nos nossos corações e sejamos conscientes quando invocamos a força da Mãe e a presença da Mãe. Sejamos conscientes daquilo que está em jogo, sejamos atores conscientes neste teatro da vida.
Não interessa quantas ave-marias se rezam, mais importante é que em cada ave-maria esteja presente e associada a devida intenção e compreensão.
Num terço, para cada pai-nosso rezamos 10 ave-marias, pois no mundo relativo, é necessário enfatizar o feminino, por isso temos de orar à mãe mais vezes ainda. Apoiarmo-nos na Mãe. É sempre ela que está ao nosso lado, no momento de necessidade é sempre ela que está mais próxima.
É preciso meditar em tudo aquilo que fazemos, a razão, o propósito, o modo como fazemos, senão tudo aquilo que fazemos tem pouco peso, pouca força e pouco sentido.
Procuremos fazer tudo de uma forma mais consciente e quando não soubermos devemos questionar, procurar respostas. Devemos ter o interesse de saber. Quando temos o interesse em saber, o conhecimento vem até nós.
Sintamos então a presença da deusa, sintamos a sua energia poderosa, a sua capacidade inesgotável de amor, a sua compreensão sem limites, a sua dedicação inexcedível, o seu apoio e carinho incondicionais, a sua abertura, a sua generosidade, a sua capacidade de acolher, de educar, de orientar, de proteger. Sintamos essa energia forte e poderosa dentro de nós.
E quando temos essa vocação coloquemo-nos ao serviço da Mãe. Sem limitações, com disponibilidade para participar neste grandioso trabalho do retorno da verdadeira energia da deusa, da afirmação do poder do feminino, para a elevação da consciência dos seres humanos,  da Terra, para que mais almas sejam encaminhadas para a luz! Que assim seja!


Nota: Aos pés da Mãe, a inspiração recebida pela Ana Isabel Freitas foi gravada. Este texto consiste na transcrição da gravação com pequenas adaptações consideradas convenientes pela recetora. É um texto inspirado, não uma mensagem “ditada”, por isso passível de adaptação.